A timidez nas crianças é muitas vezes incompreendida e pouco aceite. Talvez porque não seja uma emoção, mas uma mistura de receio, tensão, apreensão e/ou vergonha. A timidez manifesta-se através da tensão e inibição em situações sociais. Os indicadores da timidez podem incluir evitamento do olhar, um tom de voz suave/baixo e/ou um discurso hesitante ou trémulo. As crianças tímidas parecem ter falta de confiança, especialmente em novos ambientes ou quando estão no centro das atenções. No entanto, é importante salientar que a timidez não é um atributo negativo, podendo tornar-se preocupante apenas quando é extrema e tem impacto noutras áreas do desenvolvimento da criança.
O problema de uma criança ser extremamente tímida é que pode ser percebida pelos seus pares como não amigável e desinteressada, podendo não ser incluída/chamada para as brincadeiras, o que por sua vez pode dificultar o seu desenvolvimento social. Com poucos amigos ou competências de comunicação, as crianças tímidas podem tornar-se mais solitárias, deprimidas, com baixa autoestima, o que pode interferir com o alcance de todo o seu potencial.
A hereditariedade, a cultura e o meio ambiente podem desempenhar um papel na timidez da criança. Se a família de uma criança tende a ser mais isolada, ou se os adultos constantemente chamarem a atenção da criança para o que os outros pensam dela ou se lhe permitirem pouca autonomia, isto pode estar associado a maior timidez.
Assim, os adultos podem ajudar as crianças, cuja timidez interfere com seu desenvolvimento social e aprendizagem, ajudando-as a relacionar-se confortavelmente com os outros.
**O que os pais podem fazer para facilitar o desenvolvimento das competências sociais de uma criança tímida? **
- Compreenda que o processo de socialização leva tempo. Para se sentirem seguras, as crianças tímidas muitas vezes ficam de fora e observam uma atividade. Começam por observar e ouvir as interações dos outros; quando estão mais confortáveis aproximam-se; depois começam a falar com adultos em quem confiam e um par com quem têm maior proximidade; e após algum tempo começam a relacionar-se com outras crianças.
- Crie uma relação atenciosa com a criança, tentando compreender os seus pensamentos, medos e outras emoções. Tranquilize a criança indicando que todas as crianças se sentem inibidas às vezes.
- Uma vez que uma criança tímida pode tornar-se mais autoconsciente quando confrontada com uma voz alta, fale suavemente e claramente. Esteja preparado para aguardar pacientemente pela resposta a uma pergunta porque a criança pode precisar de tempo para responder.
- Aceite a reticência de uma criança tímida para participar. Dê tempo para que a criança se ajuste a uma situação. Isto aumentará a sensação de segurança e autoconfiança.
- Não force a criança a participar em atividades grupais. Em vez disso, forneça formas não ameaçadoras da criança interagir com pares.
- Observe e comente os pontos fortes da criança, incluindo qualidades como bondade, habilidade atlética ou académica. Se sentir que a atenção vai envergonhar a criança, dê o elogio em privado.
- Ajude seu filho a ver que todos cometem erros e que ninguém é perfeito. Encoraje-o a continuar a tentar, enfatizando que o que considera importante é o esforço.
- Se rotular o seu filho como “tímido”, a sua descrição pode tornar-se uma característica permanente da criança. Em vez disso, diga algo como: “Todos são diferentes. Gostas de observar e aprender sobre o que está a acontecer antes de participar”.
- Pratique competências sociais específicas através de vários meios, incluindo role-plays e/ou usando bonecos ou fantoches:
- Levantar a cabeça, sorrindo e fazendo contato visual quando falam. Diga: “Se olhares para mim enquanto estiveres a falar, eu consigo ouvir o que tens a dizer e compreender-te melhor”.
- Cumprimentar um amigo com entusiasmo. Por exemplo, peça à criança que diga coisas como: “Olá, o meu nome é Francisco! Qual é o teu nome?”.
- Começar uma conversa dizendo: “Em que escola estiveste no ano passado?” ou “A que gostas de brincar?”.
- Ouvir, sorrir e desfrutar de interações sociais. Faça a criança sorrir e dizer coisas como “É divertido jogar este jogo contigo!”.
- Ter conversas simples sobre trabalhos escolares, desporto ou programas de televisão. Comentários que as crianças podem fazer são: “Eu também gosto de ler”, “De que desporto gostas mais?” ou “Qual é o teu programa de televisão favorito?”
- Ser bom ouvinte e não interromper.
- Incentive seu filho a fazer coisas por si mesmo.
- Explore formas de aumentar as interações positivas com os pares para que o seu filho possa tornar-se mais extrovertido e independente.
- Lembre-se sempre que é importante aceitar a criança como ela é, respeitando as suas características, mas ensinando competências que a ajudem a sentir-se melhor e que promovam um desenvolvimento positivo e saudável. Vá ajustando as estratégias às características específicas do seu filho.
- Traduzido e adaptado por Joana Nunes Patrício de Kelly Bear
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