As crianças também têm preocupações, sejam elas mais ou menos justificadas, e estas preocupações podem interferir no seu bem-estar, nas suas relações e nas suas aprendizagens. Um estudo com crianças no terceiro ano de escolaridade, em que lhes perguntavam no que pensam quando não conseguem dormir, revelou que as crianças têm preocupações relacionadas com os pais, os amigos, a escola… Entre outros aspetos algumas crianças preocupavam-se com a ausência dos pais, com a possibilidade de estes ficarem doentes, de terem um acidente ou de morrerem; outras com a possibilidade dos irmãos ficarem doentes ou feridos; outras preocupavam-se com pesadelos, monstros ou fantasmas; outras com a possibilidade de não terem boas notas e dos professores não gostarem delas; outras com a possibilidade dos amigos não quererem brincar com elas; outras ainda manifestaram preocupações com ladrões, com desastres naturais, etc. As preocupações eram diversas e geralmente relacionadas com experiências vividas pela criança, por outros próximos, ou observadas em meios de comunicação.
Existem preocupações, ansiedades e medos normativos em diferentes fases do desenvolvimento, que geralmente passam quando a criança aprende a gerir as diferentes situações (ex. ansiedade face a estranhos, ansiedade de separação, medos noturnos sobretudo quando é difícil distinguir o imaginário do real, etc.). Ainda assim as crianças podem ter diferentes preocupações e diferentes formas de lidar com as mesmas, podendo manifestar-se de forma mais ou menos intensa.
**Como podemos ajudar as crianças a lidar com suas preocupações? **
- Esteja disponível para escutar e perceber o que o seu filho pensa e sente. Ofereça oportunidades para expressarem e discutirem as suas preocupações e sentimentos.
- Mostre que o compreende e que está lá para o apoiar. Certifique-se de que a criança se sente valorizada, protegida e segura.
- Ajude o seu filho a desconstruir as preocupações e a encontrar soluções construtivas. Deixe que ele tenha um papel ativo na procura de soluções.
- Sem desvalorizar, ajude o seu filho a colocar as coisas em perspetiva, explicando que muitos problemas são temporários e têm solução, que pode ter mais oportunidades para voltar a tentar.
- Discuta os diferentes assuntos que preocupam o seu filho, dando informação, corrigindo mal-entendidos, explicando o que podem fazer de diferente.
- Saliente as coisas positivas, pergunte e partilhe bons acontecimentos do dia-a-dia, pequenos sucessos, proporcione momentos divertidos e relaxados.
- Faça pequenos treinos e teatros para ajudar a criança a lidar com situações que a preocupam.
- Explique que as preocupações e a ansiedade face a algumas situações fazem parte da vida, não há problema em sentir-se assim, e até são sentimentos adaptativos em certas situações.
- Incentive as crianças a fazer escolhas saudáveis (ex. alimentação e exercício) para que se sintam menos vulneráveis. Destaque a importância de descansar e dormir bem de noite.
- Ensine-lhes competências sociais, para que eles possam desenvolver relacionamentos, amizades, uma rede de suporte.
- Ajude as crianças a entender que algumas situações não podem ser alteradas (ex. morte, divórcio, algumas doenças), mas que podem ser aceites e que existem formas de lidar com as mesmas. Ajude-os a identificar as coisas que eles podem mudar.
- Ensine-lhes técnicas de relaxamento (ex. respiração profunda) e a ter pensamentos positivos.
- Discuta estratégias positivas para lidar com as situações, umas mais direcionadas para descontrair (ex. passear, brincar, descansar) e outras para encarar e desconstruir as preocupações (ex. falar com alguém sobre os seus problemas).
- Dê-lhes oportunidades para falarem sobre o futuro com otimismo, para se imaginarem a ter sucesso e para estabelecerem objetivos.
Nota: Caso tenha alguma preocupação deve consultar um especialista para avaliar a situação e recomendar a melhor forma de intervenção.
- Traduzido e adaptado por Joana Nunes Patrício de Kelly Bear, kidshealth.org e worrywisekids.org
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