Todos colecionamos super-heróis. Precisamos de saber que os bons ganham sempre. E, por isso, nos afeiçoamos tanto àquelas figuras míticas que desde pequeninos ouvimos nas histórias e nos fazem acreditar que o mundo é um sítio bom para se viver e que estamos seguros.
Mas há super-heróis mais discretos. Daqueles que não usam capa mas que se não estão, sentimos a falta. O nosso PAI é bem capaz de ser um desses super-heróis ou, pelo menos, devia ser.
O pai já não é chefe, nem o sustento da família. O pai tornou-se fundamental para um bom desenvolvimento socio emocional da criança, sob vários aspetos.[i] [ii] E é disto que temos que ter consciência. O tempo dedicado pelos pais aos filhos é um investimento com retorno garantido!
Estas fotografias ilustram um bocadinho a relação de um pai com os seus filhos. Depois de os filhos saírem para a escola, o pai dá vida aos peluches preferidos dos filhos (celebrizados como “objetos de transição” por Winnicott). Todos os dias, as crianças chegam a casa na expetativa de perceber o que os seus brinquedos estiveram a fazer. Se acreditam mesmo ou não, não é o ponto, nem o objetivo. O objetivo é a valorização de uma parte da vida das crianças. É dar-lhes importância.
É o diálogo sem palavras que todos os dias acontece naquela casa que dá conteúdo à relação pais-filhos. Há muitas formas de conseguirmos cumplicidade. A linguagem tem que ser a da família.
Mas os super-heróis são também modelos e as crianças procuram no seu pai um modelo com o qual se possam identificar.
Se o pai se ausenta, o vazio deixado será certamente ocupado por outros e às vezes não são os melhores… Já as crianças que têm vínculos fortes com seus pais são mais imunes às influências negativas dos grupos de amigos.[iii] A vinculação que não se alimenta na infância, muito dificilmente sobrevive na adolescência.
A participação efetiva na vida dos seus filhos é garante de segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional. Este mês, arranje um tempinho para ir buscar o seu filho à escola, para ficar a brincar num parque, para participar na atividade do dia do PAI (as crianças são umas vaidosas com o seu PAI), para lhe dar atenção.
PAIS: não se acanhem! Este mês é vosso.
[ii] Eizirik M, Bergmann DS. Ausência paterna e sua repercussão no desenvolvimento da criança e do adolescente: um relato de caso. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2004;26(3):330-6.
[iii] Shinn M. Father absence and children’s cognitive development. Psychol Bull 1978;85(2):295-324.
[iv] Ziegler, E., Taussig, C. & Black, K.(1992). Early Childhood Intervention: a Promising Preventative for Juvenile Delinquency. American Psychologist, v.47, n° 8, p. 997- 1006.
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