A relação pais-filhos é um dos aspetos mais determinantes para o desenvolvimento das crianças.
Desde cedo que se estabelecem vínculos e ligações entre pais e filhos. Inicialmente, os bebés começam por absorver os sinais emocionais não verbais - a forma afetuosa e gentil como toca, como sorri, como pega, como abraça, a expressão facial e tom de voz comunicam ao bebé um sentimento de que é cuidado, amado e protegido – e só depois começa a compreender as palavras que exprimem afeto. A vinculação pais-filhos é algo que se vai desenvolvendo ao longo do tempo, à medida que o bebé sente e experiencia o amor dos pais e quanto é valorizado por estes.
Quando os cuidados à criança são partilhados, por vezes, alguns pais sentem que os filhos parecem ter uma ligação mais forte a outro cuidador … ou que perdem alguns momentos significativos da criança (ex. primeiro sorriso, palavra, passo) … ou sentem que os filhos parecem gostar mais do pai ou da mãe … e tudo isto pode trazer algum mal-estar. Contudo, o facto de os pais poderem ter uma dinâmica relacional diferente com os filhos não significa que estes gostam mais de um do que do outro. Existem também questões de temperamento, de afinidades, de identificação entre pais e filhos, sendo que existem fases em que podem haver mais afinidades com um dos pais, pelo tipo de brincadeiras, pelo tipo de cuidados, pela disponibilidade, etc. o que não tem que significar que a criança ama mais um ou outro - identificação é diferente de preferência ou afeto. A relação que as crianças criam com os seus pais depende de um conjunto de fatores, da interação única estabelecida entre pais e filhos, sendo que a qualidade dos cuidados parentais é fundamental. Se a criança experiencia interações mais negativas, insensibilidade e rejeição, rigidez e criticismo provavelmente irá construir uma relação menos positiva com essa figura de vinculação e uma imagem menos positiva da mesma e de si própria. As relações saudáveis são construídas com tempo, com investimento, entrega e envolvimento, não de um dia para o outro, pelo que a criança pode ter uma relação diferente com os pais consoante a resposta e estilo parental de cada um. Uma das competências parentais mais importantes passa precisamente pelo afeto, por assegurar que as necessidades emocionais da criança são atendidas, dando-lhe um sentimento de valorização e de identidade positiva, com relações seguras, estáveis e afetuosas, com adultos sensíveis e disponíveis, que respondam de forma adequada às necessidades da criança.
Alguns pais também ficam incomodados quando a criança diz “Não gosto de ti!!”. Normalmente isto acontece quando a criança está zangada com algo e é a forma que tem de se exprimir. Não encare estes ataques de forma pessoal e procure reconhecer o verdadeiro sentimento por trás destas palavras.
Sugestões:
- Lembre-se que a ligação pais-filhos é a primeira e das mais fortes ligações da vida dos seus filhos, e que tem um grande impacto no seu desenvolvimento. Procure construir com os seus filhos uma relação forte, segura, saudável e recheada de boas memórias.
- É importante ensinar aos seus filhos sobre o amor incondicional. Que os ama sempre, independentemente de tudo, e que quando se zanga é porque não gosta do comportamento deles.
- Procure não perder o controlo e responder da mesma forma, afinal é o adulto. Manter a calma ajuda-o a manter a conexão emocional com o seu filho e a fazer com que este se sinta compreendido, reduzindo o stress da criança.
- É natural que se possa sentir receio, ciúmes, inveja, ressentimento, não se julgue por isso, os sentimentos não são certos ou errados, são o que são, o que fazemos com eles é que importa. Reconhecer e aceitar o que sente ajuda-o a tomar decisões mais calmas e conscientes.
- Faça algo inesperado – às vezes dar um abraço apertado, simplesmente não dizer nada, ou usar o humor, pode ser mais eficaz do que imagina, reduzindo a tensão da situação e parando o comportamento não desejado.
- Quando não está a conseguir manter a calma permita-se dar um tempo a si mesmo também, um ou dois minutos para se acalmar e pensar melhor. Além de o ajudar a acalmar ainda está a mostrar aos seus filhos como podem gerir emoções fortes.
- Se a criança diz que não gosta de si experimente reconhecer o sentimento, mas assegurar que gosta dela na mesma (ex. “Parece-me que estás chateado comigo porque não te deixei brincar mais com os legos.”, “Estás zangado porquê?”, “Percebo que te sentes aborrecido, mas podemos fazer outra coisa.”). Se estiver a meio de uma birra o melhor pode ser não responder, visto que neste momento a criança nem estará a ouvir bem o que lhe diz.
- Lembre-se que quando a criança diz que não gosta de si pode magoar, mas não é o que a criança sente verdadeiramente. Como pais é bom educar os seus filhos para dizerem o que sentem e pensam, ensinando-lhes formas apropriadas de o fazer.
- Acima de tudo é importante haver consistência, estabilidade, e muito amor!!!
Nota: Caso tenha alguma preocupação deve consultar um especialista para avaliar a situação e recomendar a melhor forma de intervenção.
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