As noções de certo e errado, de justiça, de solidariedade, vão-se desenvolvendo ao longo do tempo e de forma cada vez mais complexa. No início o que está certo é o que é elogiado e o que está errado é o que é repreendido, i.e., o certo e o errado estão relacionados com as consequências diretas das ações para a própria criança. Só mais tarde as regras sociais e os princípios morais começam a ser interiorizados, sendo que as experiências vividas no meio social, familiar e escolar têm uma grande influência nesta interiorização.
Cada família tem os seus princípios e a sua própria noção de certo e errado. Vivemos num mundo globalizado e heterogéneo, no qual as crianças são expostas a uma grande diversidade de comportamentos e ações. Assim, mais do que falar sobre e sobre o que está certo ou errado, demonstre, exemplifique e modele os princípios que quer passar de forma consistente, para ajudar as crianças a criar consciência e esquemas internos que a orientem na sua vida. Os pais são os primeiros e maiores modelos das crianças.
Sugestões:
- Modele bondade e empatia na relação com os seus filhos e com os outros.
- Demonstre e encoraje os seus filhos a agir com compaixão, respeito e justiça.
- Relações de afeto nas quais as crianças se sentem amadas, compreendidas e cuidadas, são o alicerce para o seu desenvolvimento sócio-emocional (saberemos cuidar melhor dos outros se tivermos sido bem cuidados).
- As crianças até aos 7 anos são sobretudo egocêntricas, não percebendo bem os outros. Ajude-as a perceber e respeitar as perspetivas, preferências e sentimentos dos outros (ex. “tu gostas de brincar com as motas, mas a Leonor gosta de brincar com as bonecas”, “a Leonor está a chorar porque fica triste quando a mãe se vai embora”).
- Defina regras e consequências assentes no respeito pelos outros (ex. “as mãos são para dar festinhas e abraços, não para bater”, “magoaste a Maria, pede desculpa e dá-lhe um abraço”).
- Demonstre, converse e pratique com os seus filhos os princípios e comportamentos que lhes quer passar (seja sobre reciclagem, sobre cuidar da natureza e dos animais, sobre visitar, conversar e cuidar da família, sobre ajudar um amigo, etc.).
- Dê oportunidades aos seus filhos para praticarem boas ações, cuidarem (de si, dos outros e do mundo) e agradecerem.
- Modele também honestidade e humildade, sabendo reconhecer e desculpar-se pelos seus erros, pois também nós fazemos coisas erradas como adultos. Ninguém é perfeito, não o exija a si nem aos seus filhos.
- Lembre-se que cada pessoa tem as suas próprias características. É importante aceitar os seus filhos como são e ter expectativas ajustadas à sua fase de desenvolvimento, para não ser demasiado exigente ou crítico, nem deixar os seus filhos com a sensação de que nunca são suficientemente bons.
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