Parece piada, mas não é. Num artigo muito recente da academia americana de pediatria, a mensagem para os pediatras é mesmo esta: prescrevam brincadeira!
Imagine sair de uma consulta, com o seu filho de 2 anos, e no papelinho da receita estar escrito: BRINQUE COM O SEU FILHO TODOS OS DIAS!
A importância do brincar não é uma novidade mas, pelos vistos, tem que continuar a ser lembrada. Os momentos de brincadeira, para além de serem oportunidades de desenvolvimento cerebral, são também oportunidades " de desenvolvimento de capacidades de cooperação, resolução de problemas e do pensamento criativo", segundo o dr. Yogman, coordenador do estudo.
O tempo de brincar com os pais tem deixar de ser visto como “uma perda de tempo”. Porque não se perde nada. Deste tempo de brincadeira resultam coisas importantes: segurança, estabilidade e boas relações afetivas que são amortecedores fantásticos contra a ansiedade e encorajam a resiliência.
Já basta o empurrão claustrofóbico que a escola e sociedade em geral nos dão para o sucesso académico, com programas cada vez mais estruturadas por “fichas” desde o pré-escolar, com a correspondente falta de brincadeira livre.
Não são precisos grandes recursos. As crianças gostam dos desafios das ferramentas verdadeiras, da vida lá de casa. Colheres de pau, panelas, cestos, caixas, lápis, frascos e tampas de frascos… tanta coisa que um par de olhos consegue descobrir como brinquedo. Não precisa dar o significado “certo” a um objeto de todos os dias. Isso não existe enquanto a criança for a protagonista da brincadeira, que tanto o pai como a mãe podem alimentar.
O nosso quotidiano oferece oportunidades imensas de aprendizagem, que são continuamente desperdiçadas. Ponha-se no lugar do seu filho: prefere ir à praça saber as características dos peixes ou empinar em casa a lengalenga de que têm o corpo coberto de escamas, respiram por guelras…
Não dá trabalho. É um gozo para todos e nunca ninguém se vai esquecer que os peixes têm o corpo coberto de escamas!